Em 14 de
abril de 1912, há exatamente 102 anos, ninguém achou que iria acontecer e quando aconteceu, poucos se
deram conta do perigo. A orquestra tocava músicas alegres quando o navio começou a afundar.
Foi então que o navio desapareceu, levando com ele 1.500 vidas para a
fatalidade congelada.
Todos os passageiros estavam desfrutando do
luxo de seu palácio flutuante. O mar lá fora estava totalmente calmo. As
estrelas estavam mais brilhantes do que nunca. Todos se sentiam totalmente a
salvo, apesar de estarem navegando por um campo de minas em termos de icebergs.
Por que se preocupar? O Titanic não afundaria. Os construtores do navio haviam
se gabado disso. Ele dispunha de compartimentos à prova d'água que poderiam ser
fechados automaticamente da sala de controle. Qualquer um desses dois
compartimentos poderia ser totalmente inundado sem colocar em perigo o navio.
Era tal o sentimento de segurança no Titanic que alguém ousou fazer o seguinte
comentário: "Nem mesmo Deus em pessoa poderia afundar este navio".
Imaginem a arrogância!
Às 9:40
daquela noite chegara um aviso. Um alerta acerca desses icebergs maciços e
fatais pela proa. Entretanto, o operador que recebeu o alarme não imaginou que
os icebergs estivessem tão perto. Então,
ocupado com as outras mensagens, ele colocou essa mensagem de lado para levar
ao capitão assim que achasse conveniente.
Tragicamente, porém, a mensagem nunca chegou ao
capitão. Logo após a meia-noite aconteceu a colisão. A maior parte dos
passageiros a bordo do Titanic mal sentiu a batida. Foi um choque repentino;
apenas uma vibração; um leve balanço. Só alguns se deram conta de que algo
havia acontecido. Quando o navio diminuiu a velocidade e parou no meio do
Atlântico, passageiros se perguntaram por quê. Apenas poucos foram até o convés
para se informar. Um passageiro notou um iceberg passando por uma escotilha e
teve a certeza de que o navio havia batido nele; alguém na sala para fumantes
sentiu um impacto e saiu correndo para descobrir a causa. Ele viu um monte de
gelo se empilhando a uns 15
metros acima do convés "A", o que significaria
uns 30 metros
acima da água. Mas não houve pânico, não houve comoção nem confusão.
Depois de
algum tempo, o capitão convocou os passageiros até o convés com seus coletes
salva-vidas. Acharam que fosse uma brincadeira, mesmo quando houve a
ordem de colocar as mulheres e as crianças nos barcos salva-vidas disponíveis;
alguns acharam que era meramente uma medida de precaução. Certamente estariam
de volta a bordo dentro de poucas horas. O poderoso Titanic jamais afundaria.
Só quando foi lançado o primeiro foguete é que a maioria dos passageiros se deu
conta de como era crítica sua sorte. Eles sabiam que o disparo de foguetes era
o sinal universal de tragédia no mar, mas, mesmo assim, reinava perfeita ordem
no navio. Todos os membros da tripulação permaneceram em seus postos.
Os técnicos mantiveram os conveses iluminados
até o final. A orquestra se colocou do lado de fora, no convés, e tocou até
quase a hora do navio dar seu mergulho final. Pouco a pouco o navio começou a
adernar.
Momentos após o último bote salva-vidas ter
baixado ao mar, o Titanic se inclinou drasticamente. Os passageiros nos
salva-vidas olhavam em pânico enquanto o enorme barco chegava a uma posição
totalmente vertical e literalmente permanecia assim, sem se mover por, talvez,
uns quatro minutos.
Finalmente, ele desapareceu nas profundezas.
Com um gole silencioso, o mar sorvera o navio mais luxuoso, mais moderno de sua
época. Foi então que surgiu o grito desesperado de homens e mulheres perdidos,
vagando pelo oceano, em seus coletes salva-vidas. Seus gritos horripilantes
continuaram durante uns 40 minutos, até que o gelado Atlântico silenciou todas
as vozes que restavam fora dos botes salva-vidas. Tais gritos terríveis iam
perseguir os sobreviventes em seus pesadelos enquanto vivessem.
Quando raiou a manhã, os icebergs se erguiam
acima dos barcos salva-vidas. Havia corpos espalhados por toda parte. Dos 2.208
passageiros e tripulantes, somente 705 sobreviveram; todos eles em botes
salva-vidas.
Mais de três quartos de século se passaram
desde o naufrágio do Titanic, e mesmo assim, continuamos, mais do que nunca,
fascinados por sua tragédia. Talvez a nossa impressão mais inesquecível seja a
do comportamento calmo e silencioso dos passageiros e da tripulação. Calma, não
em virtude do heroísmo, mas da insensibilidade ao perigo. Uma confiança
exagerada no trabalho humano.
Os historiadores, hoje em dia, concordam que a
tragédia do Titanic não precisava ter acontecido e que mesmo quando o navio
começou a afundar, nenhum passageiro necessitaria ter se perdido. A causa direta para a perda de vidas foi a
insuficiência de botes salva-vidas. A tripulação tivera tempo suficiente
para evacuar todos os passageiros, mas não havia botes suficientes. Havia
poucos botes. No Titanic, impossível de afundar, os botes salva-vidas eram considerados desnecessários, puramente
ornamentais. No entanto, quando o luxuoso navio afundou, a única coisa que importou foi encontrar um
humilde bote salva-vidas. Nenhuma alma sobreviveu sem entrar num bote
salva-vidas.
O Titanic de 1912 não lhe faz lembrar do mundo
há 4.000 anos atrás, no tempo de Noé? Naquela época a terra estava fadada a ser
destruída pela água. Deus disse a Noé para construir uma arca, um grande bote
salva-vidas. As pessoas acharam que tal idéia era bastante ridícula e riram
dela. Por que precisariam de um bote salva-vidas? O mundo deles era seguro. Não
precisavam se salvar, portanto, os avisos de Noé não foram ouvidos. Sua arca se
tornou motivo de riso, uma atração turística, tornou-se tudo, menos um refúgio
para salvar os pecadores perdidos da inundação fatal. E foi então que o que não
se pensava, aconteceu. Todos que estavam dentro da arca de Noé sobreviveram.
Todos que estavam fora da arca de Noé morreram.
Como foi, assim o será. Duas situações
estranhamente similares, a de Noé e a nossa. Total desatenção a repetidos avisos. Exagerada confiança na força
humana. Crime? Perversidade? Sim. Mas principalmente apenas a rotina da
vida. Tanta certeza de que o amanhã será como o hoje; vivendo apenas o
dia-a-dia sem preocupação. Então, vem a surpresa final, fatal. As pessoas da
época de Noé não acharam que precisariam de um bote salva-vidas tanto quanto os
passageiros do Titanic. E quanto a nós hoje em dia? Será que levamos a sério os
avisos de Deus? Quando iremos parar de brincadeira?
Há alguns anos, um fabricante de brinquedos
criou um jogo chamado "O Naufrágio do Titanic". Na enorme tampa da
caixa, desenhada por um artista, a fria noite em que o Titanic afundou foi
muito bem retratada. Viam-se botes salva-vidas cheios de sobreviventes
desesperados enquanto o navio afundava e a proa se dirigia para o fundo. Dentro
da caixa, num tabuleiro negro, liam-se as seguintes palavras: No dia 14 de
abril de 1912, o enorme navio britânico, o Titanic, atingiu um iceberg em sua
primeira viagem e afundou dentro de poucas horas. Daquela tragédia surgiu então
uma fascinante espécie de jogo de salão, muito familiar. O jogo que se joga
enquanto o navio afunda.
Fascinante jogo? Bem, talvez para aqueles que
não estiveram lá. Porém, o naufrágio do Titanic não foi brincadeira!
A mesma pergunta pode ser feita agora: Será que
estamos brincando enquanto nosso barco afunda? Enquanto a tragédia se aproxima
deste planeta Titanic, será que estamos adiando nosso encontro com Deus?
Pense nisso!
Pense nisso!
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